Há algum tempo que me refiro aos meus anos na Edelman como "20+". Em parte, porque ainda sou um pouco Dory e realmente esqueço quanta água já passou por essa ponte. E, em parte, porque minha carreira foi um zigue-zague de grandes passos, recuos para ganhar impulso e desvios para respirar e aprender.

A verdade é que, em algum momento entre 2020 e 2022, eu comemorei esse marco. Mudar de década na Edelman é sempre um ponto de inflexão, acompanhado de algumas semanas extras de sabático, tão esperadas quanto celebradas. Poréeeem... como (quase) diria Carlos Drummond de Andrade: no meio do caminho tinha uma pandemia, tinha uma pandemia no meio do caminho. Pois bem, essa comemoração demorou, mas aconteceu em setembro de 2024.

Como esses caminhos da vida me levaram a viver longe da minha mãe, escolhi passar essas semanas de folga com ela. As raízes sempre nos chamam para a Itália, em particular, a região de Puglia: o salto da bota que resume a essência de um país. La vita lenta que acolhe, o azul tão, tão azul do mar e os sabores que emocionam – da suavidade de uma ricota cremosa a um explosivo spaghetti all'assassina.

Quero deixar aqui alguns aprendizados  que são meu presente para todos  que me permitiram desfrutar dessa aventura:

  • Reduzir a marcha. Percebi que os italianos entenderam o que é viver bem, enquanto nós, o resto do mundo, estamos apenas tentando. Não espere uma década – faça uma pausa, nada vai acontecer.
  • Voltar com a mente fresca. A distância nos permite enxergar os problemas pequenininhos, e as oportunidades enormes, renovando nossa energia  para o sprint final do ano.
  • A magia de ter colegas tão incríveis: tudo continuou funcionando perfeitamente. Tenho duas chefes inspiradoras que nem sequer me mandaram um “Oi, tudo bem?” (mentira, uma delas me escreveu para que eu tomasse um bom vinho). Tenho uma equipe que arrasa em tudo, me enche de orgulho todos os dias. E, claro, em casa, um parceiro que cuidou da nossa filhinha peluda e da casa em reforma. Ufa!
  • Reconecte-se com a sua essência. É uma frase um tanto namastê, eu sei. Mas, no ritmo diário, às vezes perdemos um pouco o foco, esquecemos quem somos e o que queremos construir. Ter o privilégio de se apaixonar novamente pelo caminho que cada um escolheu é gigante.
  • E por último, mas eu diria o mais importante – algumas receitas da vera cucina pugliese, que já me fazem querer voltar...!