Em junho de 2021, a Edelman lançou o relatório especial Going Public: Evolving Investor Expectations for New Issuers (Abrindo Capital: Como Melhor Atender às Expectativas dos Investidores) sobre as percepções dos investidores em relação aos mercados de IPO e SPAC e os fatores que influenciam as decisões de investimento. Na época, 90% dos investidores previam que o movimento de IPOs e SPACs esfriaria em 2022. Depois de o ano de 2021 registrar recordes de IPOs no mundo, a expectativa se concretizou. De acordo com a Renaissance Capital, o primeiro trimestre de 2022 marcou o mais lento primeiro trimestre para IPOs nos EUA em seis anos, à medida que a volatilidade do mercado, o aumento da inflação, o crescimento dos juros, a pressão da cadeia de suprimentos e a incerteza generalizada na geopolítica alimentaram as preocupações dos investidores institucionais. Isso fez com que as empresas que desejassem abrir capital segurassem o processo, aguardando melhores condições do mercado. Embora muitos lançamentos de IPO estejam congelados, descrevemos cinco maneiras pelas quais as empresas podem manter o processo “vivo” e continuar se preparando para se tornar uma empresa pública: 

  1. Atualize os materiais — Quem é da área sabe que o S-1** e o roadshow são processos essenciais para a compreensão dos investidores sobre o negócio, seu desempenho financeiro e suas perspectivas de crescimento. Com o mercado de IPO em suspenso, há impactos financeiros e pausas no desenvolvimento de novos negócios que precisam ser comunicados. As empresas devem garantir que estão compartilhando informações atualizadas sobre seu desempenho tanto no S-1, quanto na apresentação do roadshow. Manter esses materiais atualizados posicionará melhor as companhias para que possam aproveitar eventuais janelas de oportunidade. Acompanhe de perto os pares públicos para entender os tópicos que são importantes para os investidores e para refinar o conteúdo conforme necessário, abordando preocupações e questionamentos do mercado. 

  1. Engaje os analistas — A análise de vendas é fundamental para moldar a percepção sobre uma empresa com Wall Street, no caso de Nova York, ou com o mercado investidor, no caso do Brasil. Quando o cronograma de uma transação se estende demais, pode haver grandes pausas entre as etapas do processo de abertura de capital, criando lacunas na comunicação entre a companhia, analistas e investidores. É importante encontrar maneiras relevantes e coerentes para manter os analistas engajados no processo. Use esse tempo extra para garantir que os analistas entendam a estratégia de investimento da empresa e para que estejam atualizados quanto aos movimentos dos negócios. Identifique oportunidades para compilar e endereçar questões e preocupações. Dependendo do momento, os emissores podem realizar miniconferências sobre lucros com os analistas para mantê-los informados sobre o desempenho trimestral. Isso também pode servir como prática para futuras apresentações de resultados. Os emissores devem considerar a realização de reuniões para apresentar analistas à liderança sênior de áreas críticas ao negócio, como tecnologia e marketing’, possibilitando que os analistas aprofundem o conhecimento sobre o negócio e entendam sua história. 

  1. Gere o interesse dos investidores — As reuniões do Testing The Waters (TTW) consistem em apresentar aos investidores informações sobre o negócio, estratégia de crescimento e histórico financeiro e permite à empresa ter uma noção do interesse institucional em uma potencial transação de IPO antes do lançamento do roadshow. As empresas devem alinhar com os especialistas financeiros (sindicato de bancos) o melhor momento e a necessidade de TTWs adicionais com investidores de longo prazo e de alta qualidade. 

  1. Estabeleça a área de Relação com Investidores – Ter uma área de Relações com Investidores (RI) é vital para o pós-transação. Dentre suas atribuições estão: 

  • Criar e atualizar documentos para o relacionamento com investidores, incluindo o site de RI e o calendário de encontros/conferências.  

  • Desenvolver e estabelecer os processos relacionados à divulgação dos resultados da empresa, incluindo um calendário reverso, check-list de documentos, principais fornecedores (teleconferência, webcasting e assessoria de imprensa).  

  • Conduzir o benchmarking entre pares e estabelecer um relatório financeiro claro, bem como uma política de RI.   

As empresas devem considerar a elaboração de modelos dos principais documentos que serão utilizados para o anúncio dos resultados, como o release e o roteiro, por exemplo, além de realizar uma simulação da conferência para divulgação dos números com a alta liderança. 

  1. Eduque e engaje seus colaboradores — Existem muitas empresas que estão em meio ao processo de IPO, mas ainda não fizeram a publicação do S-1. Por isso, suas intenções de IPO não são conhecidas em toda a organização (o mesmo se aplica ao Prospecto no Brasil). Um dos públicos essenciais para um potencial IPO, os colaboradores devem entender qual a estratégia por trás da abertura de capital, os possíveis impactos no negócio e implicações no dia a dia de trabalho. É preciso estabelecer um plano de comunicação e engajamento que os mantenham informados e capacitados sobre todos os pontos que implicam na listagem, incluindo o “período de silêncio”, informações privilegiadas, regulamentação sobre divulgações (Fair Disclosure - FD) e remuneração/opções de ações dos colaboradores. 
     

**S-1 é o como chamamos o public filing para uma empresa americana que decide listar sua companhia nas bolsas americanas. Para empresas brasileiras que decidem fazer a listagem na bolsa americana, esse documento é chamado F-1 (Foreign). O documento é equivalente ao Prospecto, quando a listagem é feita no mercado brasileiro. 
 
*Nicole Briguet é Vice-Presidente de Comunicações Financeiras e Mercados de Capitais (Edelman) e Ted McHugh é Diretor Administrativo e Chefe de Relações com Investidores, Comunicações Financeiras e Mercados de Capitais dos EUA (Edelman).  

Texto adaptado por Regina Carapeto, Gerente Sênior de Contas do Setor Financeiro e Financial Communications na Edelman Brasil. 
 
Quer saber mais? Escreva para regina.carapeto@edelman.com e contato@edelman.com 

O texto original, publicado no Edelman.com, pode ser acessado aqui.