Em tempos de tensões políticas e econômicas, a desconfiança segue impondo desafios ao setor de Serviços Financeiros. Na maioria dos países desenvolvidos, como Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos, o setor não é confiado. No Brasil, apesar de chegar a números mais altos, o setor ainda permanece no patamar de neutralidade, com subsetores navegando no patamar da desconfiança.
O recorte de Serviços Financeiros do Edelman Trust Barometer 2022, que ouviu mais de 36 mil entrevistados em 28 países (1.150 no Brasil), com trabalho de campo de 1 a 24 de novembro de 2021, avalia como a desconfiança e os receios em torno da situação econômica impactam o setor.
PRINCIPAIS ACHADOS
- Setor permanece no nível de neutralidade no Brasil: 58% dos respondentes no país confiam no setor, um crescimento de 3 pontos em relação ao ano anterior.
- Subsetores mais confiados: Pagamentos Digitais (71%; +5pts); Seguros de Propriedades/Acidentes (65%; +12 pts), Cartões de Crédito (62%; + 4pts), Seguro Pessoal (60%; +3 pts), Bancos (52%; patamar de neutralidade).
- Subsetores menos confiados: Criptomoedas (40%, -8pts); Gestão Digital de Patrimônio (41%; +1pt), Consultoria Financeira (49%; -3 pts).
- Otimismo econômico vs. medo da recessão: enquanto 73% dos brasileiros afirmam acreditar que “eu e minha família estaremos melhores em cinco anos”, 71% dos respondentes no país temem perder seus empregos devido a uma recessão econômica (um aumento de 6 pontos em relação ao ano anterior).
- Sistema visto como tendencioso: 71% dos brasileiros afirmam que o sistema é tendencioso contra “pessoas comuns” e funciona a favor dos mais ricos e poderosos.
- Questionamentos sobre o capitalismo: 49% dos respondentes no país acreditam que o capitalismo da forma como é hoje faz mais mal do que bem para o mundo.
- Globalmente , profissionais do setor acreditam em modelos multi-stakeholder: 75% acreditam que CEOs deveriam assumir a liderança para promover mudanças, ao invés de esperar que o governo imponha, e 74% acreditam que CEOs devem se responsabilizar diante do público, não só diante das lideranças ou investidores das empresas que lideram.
- CEOs têm um papel essencial para construção de confiança: Globalmente, 83% dos profissionais de tecnologia confiam em seus empregadores e 67% afirmam escolher uma empresa para trabalhar com base em crenças e valores. Ao considerar um emprego, 68% (um crescimento de 11 pontos em relação ao ano anterior) esperam que os CEOs falem publicamente sobre questões sociais e políticas que consideram importantes.
- Cresce a pressão sobre as empresas em relação a seu papel social: enquanto os Governos não são vistos como capazes de liderar soluções para os problemas da sociedade (apenas 35% dos brasileiros acreditam em sua capacidade), cresce a pressão sobre as Empresas para que liderem questões sociais altamente diversas. Para os brasileiros, as Empresas não estão fazendo o suficiente em relação à desigualdade econômica (61%), mudanças climáticas (60%), acesso à saúde (56%), requalificação profissional (57%), informação de credibilidade (51%) e injustiças sistêmicas (50%).
“Com a baixa confiança no governo e a elevada desigualdade social que impacta o Brasil, é essencial que empresas do setor liderem movimentos de impacto positivo para a sociedade, construindo relações de confiança de longo prazo com seus diferentes públicos” – Regina Carapeto, Gerente Sênior na Edelman Brasil
RECOMENDAÇÕES
O papel social das empresas veio para ficar
As pessoas querem mais liderança das empresas.
Mostrar avanços tangíveis
Restaurar a crença na capacidade da sociedade de criar um futuro melhor – mostrar que o sistema funciona.
A liderança deve focar o pensamento de longo prazo
Soluções ao invés de divisões; pensamento de longo prazo ao invés de ganhos de curto prazo.
Cada instituição deve prover informações de credibilidade
Informações claras, consistentes e baseadas em fatos são cruciais para romper o círculo de desconfiança.